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terça-feira, 28 de junho de 2011

Motorola Xoom

Há algum tempo queria a oportunidade de ter em mãos um dos concorrentes do iPad para testar. Recebi um chamado de um cliente pedindo para configurar um Motorola Xoom trazido do exterior. Oba! Apareceu a chance de usar o aparelho e experienciar sua utilização....

Fisicamente, a primeira impressão é agradável. O aparelho tem boa pega, graças a seu revestimento emborrachado na parte traseira. O Xoom (pronuncia-se zoom), é bem estável ao tato, mesmo sem um case. Diferente do tablet da maçã que num contato inicial passa a sensação de escorregadio. Com tela de 10,1” e resolução de 1280x800, contra 9,7” e 1024x768 do iPad, o Motorola é mais estreito e largo por ser wide-screen. Seu peso também é um pouco maior 730gr. (680gr. no iPad e 600gr. no de segunda geração). Esperava, em função do hardware superior, um desempenho proporcional e não senti isso; afinal, o Xoom é equipado com um processador NVIDIA Tegra2 dual core de 1GHz, 1GB de RAM e 32GB para armazenamento. Nessa comparação, meu pobre iPad geração um, perderia feio, não é? Contudo, não é o que se vê na prática. Ao ligar o aparelho num botão na parte traseira - ao lado da lente de sua câmera de 5 megapixels - aparece na tela o comando deslizante com o desenho de um cadeado. Para desbloquear, basta arrastá-lo em qualquer direção.

O sistema operacional Android da gigante de buscas Google, que só conhecia em smartphones é bem bonito, embora um tanto confuso. Aqui cabe uma pequena explicação: o Google tem duas versões de seu sistema, a 2.x para smartphones e a 3.x, desenvolvida especificamente para tablets. Ocorre que alguns fabricantes de tablets utilizaram a 2.x a fim de acelerar seus lançamentos e não devem ter atualização oficial para a versão 3.x impedida pelo Google por questões comerciais. Minha cliente solicitou a mudança de idioma para o português, já que seu aparelho foi comprado nos EUA. Pensei...Problema algum! No iPad, essa alteração é muito simples e depreendi que no Android não seria diferente. Ledo engano! O sistema tem sim a opção de alteração do idioma inglês configurado, mas somente para o espanhol... Nada mais! Pesquisei rapidamente e descobri um tutorial na net para incluir outros idiomas. Na verdade um passo-a-passo um tanto complexo e precisei remover o aparelho para estudar melhor. Entendi depois que ao executar esse procedimento, se feito de forma errônea não traria qualquer sequela ao aparelho, bastaria resetá-lo para trazê-lo a condição de fábrica. Me tranqulizei! Com um pouco mais de intimidade com o equipamento iniciei os passos para inclusão do pacote de idiomas a partir de uma base de dados copiada num cartão microSD. Aliás, a tão propalada existência da expansão via cartão de memória não está habilitada no modelo comercializado no Brasil muito menos nesse de minha cliente já com o Android codinome Honeycomb na versão 3.1. O dispositivo nesse momento permite apenas algumas atualizações pontuais até uma futura liberação pelo fabricante.

Durante o procedimento de instalação do pacote de idiomas me bati com um problema concreto e grave: o tablet tem um bloqueio que impede a alteração que queria fazer. Para removê-lo, seria necessário reinstalar seu sistema operacional... Essa alteração, diferente da anterior, se executada incorretamente o transformaria num caríssimo peso para papel! Descobri que existem alguns modelos do Motorola Xoom comercializados em mercados distintos do modelo Verizon que minha cliente adquiriu. Os vários tutoriais que encontrei na net foram unânimes em salientar que um procedimento para modelo x, aplicado ao modelo y, o inutilizaria definitivamente. Não quis assumir esse risco e decidi devolver o aparelho sem a alteração solicitada. Outra demanda de minha cliente foi a instalação de alguns aplicativos como MSN, configuração de suas contas de e-mail... Coisas simples. Pois bem, para instalação de conteúdo, o sistema utiliza o Android Market, bastante semelhante a Apple Store. No Android Market o primeiro problema é saber qual programa foi desenvolvido para qual versão. Informação nenhuma. Mas piora! Vários aplicativos travam já na instalação ou após essa, são instáveis. Provavelmente pelo fato dos desenvolvedores poderem disponibilizar seu material diretamente na loja do robozinho verde e sem a anuência do Google.

Críticos de plantão argumentam sobre a postura da Apple de só permitir aplicativos para seus produtos que passem por seu crivo antes de liberá-los para comercialização (ou não) em sua loja virtual. Não sou nenhum applemaníaco, mas é inegável que essa política comercial por vezes autoritária evita alguns problemas, ainda que criando outros. Nada é perfeito... O iOS leva vantagem se o usuário busca praticidade, preservação de seu investimento (através de atualizações constantes e gratuitas), quantidade maior de aplicativos e profusão de acessórios para seus dispositivos. Por outro lado, é flagrante a superioridade do Android frente ao rival direto, principalmente em funções nativas como o suporte a Flash, indisponível no concorrente. Curiosamente, apesar de o Android suportar a tecnologia, o Flash não é incluído no pacote de programas do Xoom e precisa ser baixado do Android Market. Para mim, uma das diferenças mais interessantes entre os sistemas é a possibilidade de criação de um Hot-Spot Wi-Fi com o Android e 3G para montagem de uma pequena rede sem fio. Essa funcionalidade também é possível no iOS, mas somente à partir do iPhone 4, utilizando a versão 4.3 do sistema operacional. Nos modelos anteriores é necessária a utilização de aplicativos não homologados pela Apple.

O áudio e principalmente a qualidade de vídeo são excepcionais! Com um processador fabricado por gente com expertise no assunto não poderia ser diferente. Alguns vacilos em seu layout no entanto, fazem com que jamais compre um desses. Explico; Uso o iPad quase sempre na horizontal, apoiado em um case comprado com o aparelho. Mantenho dessa forma pela facilidade em deixá-lo ligado a fonte de alimentação e conectado a caixas de som externas para assistir algum vídeo. No Xoom essa utilização é dificultada. O conector P2 de áudio fica no meio do equipamento na linha de sua webcam de 2MP e numa posição que incomoda visualmente a execução de um filme. Manter carregando é um problema maior ainda porque o conector para esse fim (ao lado das portas mini-USB e mini-HDMI), fica justamente na borda inferior que o apoiaria num case. Para solucionar ambos os problemas só adquirindo um dock-station da Motorola com caixas de som acopladas e que alimentam o gadget. Minha cliente também comprou um desses que é muito bem construído e entrega um som bastante audível e de boa qualidade, todavia representa um custo a mais. Com o desenvolvimento que o Google deve implementar em seu sistema portátil, alternativas como o Xoom se tornarão interessantes para quem busca uma opção ao iPad, que no meu entendimento, continua imbatível. O Android ainda tem muito a mostrar. Não há duvida!