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domingo, 17 de março de 2013

Nuvens negras pairando os ares da Microsoft

As coisas não parecem andar como a Microsoft gostaria. Apesar da boa receptividade dos tablets Surface quando anunciados, suas vendas tem se mostrado aquém das expectativas, ligando um alerta na direção da empresa.

Imagem de divulgação do MS Surface RT
RT lançado em outubro nos EUA vendeu um milhão de peças e o modelo Pro, com o novo Windows 8 embarcado, perto de quinhentos mil aparelhos, desde seu lançamento em janeiro último. Me surpreenderia bastante se esses números fossem maiores. Os prováveis motivos para vendas tão tímidas não são difíceis de entender... O Surface RT da software house de Bill Gates, é sua aposta para entrar na seara dominada pelo iPad, e competir com esse é uma tarefa muito dura. Entretanto, a MS tem bala na agulha para isso, desde que apresentasse ao mercado algo relevante. E pelo que pude observar até o momento, não parece ser o caso. O modelo em questão utiliza processador Quad-core NVIDIA Tegra 3 e um sistema operacional denominado Windows RT. Uma versão capada do carro chefe da MS e que não suporta os aplicativos dos computadores convencionais, apenas programas compatíveis, obtidos obrigatoriamente através da Windows Store. Creio que a Microsoft não ira disponibilizar apps na faixa dos US$0,99 como a maioria na Apple Store. Até o momento, na linha Surface, não existe a possibilidade do 3G. Para acesso a internet, somente o wi-fi.

O custo? Esse é outro empecilho de peso. A política comercial que a Microsoft adotou para o RT que é produzido em duas opções de armazenamento, 32 e 64GB, é curiosa. Anunciou que teria valores competitivos e os posicionou na mesma faixa de quem pretende combater. O modelo com 32GB custa US$499,00 sem o teclado e US$599,00 com esse. Teclado caro! O de 64GB teve seu preço definido em US$699,00. Apenas para efeito de entendimento, o iPad de 4ª geração, tela retina, resolução de 2048 x 1536, wi-fi e 16GB, custa US$499,00. Preço do RT de 32GB. Ainda que tecnicamente perca em quase todos os pontos para o concorrente, a publicidade da MS é em cima desse detalhe. Alegam que seu produto tem o dobro do armazenamento do device da Apple com mesmo preço. Como comentei em um post mais antigo, é preciso lembrar que no caso do modelo com 32GB, somente 16 estão disponíveis para utilização. A coisa melhora um pouco com o de 64GB, com 45GB remanescentes. O sistema operacional e aplicativos, que obviamente não podem ser alterados, consomem absurdos 13GB do dispositivo. A Microsoft alerta para essa questão nas especificações (em inglês) do produto em sua página (imagem abaixo).



Apesar dessa aparente vantagem de espaço em relação ao iPad de 32GB fica a pergunta. Por que investir num produto desconhecido frente a um concorrente tão bem sucedido e versátil quanto o tablet da Apple? O mercado demonstra estar dando a resposta.

Já o Surface Pro se vale da plataforma x86, um poderoso Intel Core i5 Ivy Bridge e Windows 8, que em tese o fav
orece. Não necessariamente... Desempenho superior implica em consumo maior de energia. Ao anunciar o produto, a empresa de Redmond afirmava que seu tablet teria autonomia para um dia de trabalho e o RT perde para o iPad nesse quesito, 8 horas contra 10 do concorrente. Acredite! Uma bela diferença. Segundo as primeiras informações da própria Microsoft, o Pro teria metade desse tempo, por contar com a mesma potência de baterias do modelo mais barato. Entretanto nas especificações do tablet em seu site, a informação é que recebeu um reforço, não sendo possível avaliar de fato sua autonomia. Esse modelo parece
ser destinado a outro nicho. A dos usuários que necessitam do poder computacional de um notebook num equipamento menor. Em seu site da linha Surface Pro, a MS destaca essa característica com a frase A laptop in tablet formUm notebook em formato de tablet. Uma aposta que os resultados de vendas comprovam perigosa.

Seus preços também foram considerados muito altos por especialistas de várias países. Fabricados com 64 ou 128GB, custam respectivamente US$899,00 e US$999,00, naturalmente sem a capa/teclado, comercializada à parte. Esse último mais caro até que um iPad com 128GB e 3G, vendido por US$929,00 na loja da Apple. A comparação fica ainda mais desfavorável em relação ao recém lançado ultrabook Asus VivoBook S400CA-UH51T. Um computador com Core i5, 4GB Ram, 500GB + 24GB SSD, Windows 8 e tela sensível ao toque de 14" por US$694,00 na Amazon. Acredito que mesmo o mais apaixonado fã da Microsoft pensaria muito em colocar tanto dinheiro em algo sem rodagem. Em recente entrevista ao Wall Street Journal, o executivo da Samsung J.K. Shin, responsável pela divisão mobile da sul-coreana atestou que portáteis com Windows como S.O. não estão vendendo bem e confirmou a preferência por sistemas Android. Essa declaração do alto executivo de um parceiro de longa data, deve ter aumentado substancialmente as dores de cabeça de Steve Ballmer, CEO da Microsoft. Com informações de thedroidguy.com e wsj.com.