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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

GoPro, um jeito Apple de ser… (atualizado*)

Em 2002, ao se deparar com a dificuldade em obter boas imagens quando praticava surf, o americano Nick Woodman teve a ideia de desenvolver uma câmera que se adequasse a essa utilização. Com vários atributos como ótima qualidade de imagens, tamanho reduzido, resistência a altas pressões por conta de uma caixa estanque e um número variado de acessórios que permitem usá-la literalmente para qualquer atividade... Surgiu a GoPro.

Nick Woodman, o criador da GoPro.
A camerazinha vem evoluindo muito desde então e caiu no gosto do seu público alvo. Tornou-se referência e hoje vários fabricantes de tradição do ramo correm atrás do prejuízo, lançando modelos para combatê-la. Para muitos especialistas todavia, os 10 anos que demoraram para acordar, deram uma vantagem irreversível ao Woodman Labs, Inc, dono da marca que é produzida nos EUA. No final de 2012, a Foxconn do bilionário chinês Terry Gou, aportou U$200 milhões na companhia, equivalentes a 9% de suas ações. Com isso, o controverso empresário oriental, ganhou uma cadeira em seu conselho administrativo e demonstra também a intenção dos americanos em incrementar sua produção, levando-a para a China.

Embora curta a tecnologia, ao ouvir pela primeira vez o nome GoPro, não me interessei muito além de saber que era basicamente uma câmera voltada a gravação em condições especiais em áreas externas. Amigos vez por outra comentavam das maravilhas desse aparelho, mas ainda assim não procurava maiores informações. Pelo menos na época. Somente a partir do momento em que vi do que ela é capaz que a minha ficha caiu. Entretanto, como sua vocação são os esportes chamados radicais, que não fazem parte do meu temperamento, não enxergava utilidade nela. Durante algum tempo pratiquei Surf, mas o que eu fazia, não tinha nada de radical. Apenas umas marolinhas na minha cidade natal. Já na maturidade, pensei em fazer Windsurf que gosto muito e fui convencido por um colega de trabalho a tentar o Kite-Surf, por ser mais prático para transportar e tal. Cheguei a comprar o equipamento completo, mas já nas primeiras aulas vi que não poderia ir a frente... Alguns anos atrás sofri uma isquemia sem sequelas aparentes, porém ganhei uma labirintite que me impede de andar de moto ou outras atividades que demandam equilíbrio mais acurado, além das alterações bruscas de pressão. Se tivesse continuado com o Kite, indubitavelmente teria muita utilização para uma GoPro.

Terminei por me convencer de sua utilidade por outra questão; A fotografia submarina. Obviamente que um mergulho sem equipamento, em apneia mesmo. Depois do problema de saúde, seria muita irresponsabilidade arriscar o uso de cilindro e descer muito, além disso, usar uma caixa estanque numa DSLR, torna essa máquina já pesada, bem mais complicada de manobrar. Ao passo que uma GoPro, basta fixar num suporte na cabeça, no peito ou mesmo segurar com uma das mãos e aproveitar sua portabilidade. Reconheço que o resultado com uma DSLR seria superior. A lente tipo grande angular da GoPro, tende a distorcer as imagens nas extremidades.

A ideia dessa postagem, é detalhar as primeiras impressões com a minha HERO3 Black Edition. Especificidades podem ser obtidas em profusão em sites e blogs pela net. Prefiro explanar sobre características que nunca vi esclarecidas em lugar algum. Muito menos no site do fabricante.

GoPro HERO3 em imagem de divulgação.
Para quem nunca viu uma GoPro, a primeira impressão impacta. É muito pequena, leve e cabe na palma da mão. Com a bateria e a caixa estanque, pesa somente 165g. Ainda que seja uma máquina digital, não tem em nenhuma de suas três edições (White, Silver e Black), a tela LCD para visualização de imagens por padrão, embora exista essa opção como acessório. Dispõe apenas de um pequeno display (15x13mm) LCD monocromático na frente, onde são visualizados detalhes de sua configuração, feitos através dos três botões multi-função que tem em seu corpo. A ausência da tela LCD  é muito explorada pelo principal concorrente da marca, a chinesa Xtrax que se anuncia superior em qualidade e com todos os acessórios inclusos em sua SD20F. Porém com uma análise melhor, vemos que não é bem assim. A utilização da câmera se faz na maior parte do tempo para filmagens e fixada a capacetes, pranchas ou onde mais desejar. Dessa forma, não é possível ver o visor de LCD, que se torna desnecessário. Muito mais útil, seria uma bateria maior para aumentar a autonomia de gravação. E essa por sua vez, impede o uso em conjunto com uma tela. Essas são questões que somente no uso se percebe. Obviamente esse concorrente foca em seus pontos positivos e no que seria um demérito da GoPro. A necessidade da compra à parte desse acessório que pelo exposto é, na maioria dos casos, inútil e o Woodman Labs encontrou uma solução simples e eficiente para contornar essa questão. Todos os modelos HERO3 tem wi-fi embarcado e utilizando um app específico e gratuito num aparelho Android ou iOS, o usuário pode visualizar as imagens que estão sendo gravadas quase em tempo real (existe um delay de 3s + ou –). Também com esse app, é possível fazer todos os ajustes remotamente, inclusive apagar o cartão de memória e há ainda uma ferramenta de busca da câmera. Ao ser acionado, o led vermelho (originalmente usado para sinalizar a execução de gravação ou foto) começa a piscar ininterruptamente sincronizado a um bip para facilitar a localização da GoPro. Essa função é naturalmente limitada ao alcance da rede sem fio.

*Seis meses após essa postagem (em junho) que é uma das mais bem ranqueadas desse blog, vi na rede Pinterest uma sacada excelente e simples para a questão do LCD e se valendo da ligação wi-fi da GoPro em conjunto com o app para iOS ou Android e senti a necessidade de incluir aqui. A imagem abaixo não necessita maiores explicações. Infelizmente não identifica o idealizador para que pudesse creditar a ótima ideia.



É importante lembrar que não é possível sair utilizando a GoPro assim que as baterias estejam carregadas. Para disponibilizar o wi-fi, é preciso primeiro cadastrar a máquina no site do fabricante e definir um SSID Service Set IDentifier (o nome da rede) e senha de segurança para essa. Nesse processo que reconhece o serial da câmera vinculando-o ao seu proprietário, é realizada também uma verificação de atualizações disponíveis do seu sistema operacional, que são aplicadas automaticamente caso pertinentes. Essa é sem dúvida uma característica bastante relevante da máquina. O cadastro pode ser feito em Windows ou Mac OS. Fiz no MacBook e sem qualquer percalço. Antes apenas atualizei o Safari por sugestão da ferramenta de cadastro da GoPro. Aliás, para quem usa Mac OS X, a analogia às atualizações dos sistemas Apple é imediata.

A existência da interface sem fio é muito interessante também para a transferência de material gravado da câmera para um computador, a fim de fazer edições. Sem isso, seria necessário remover a máquina de sua caixa estanque e fazer esse procedimento por cabo (USB), ou ainda removendo o cartão de memória microSD que necessita (obrigatoriamente classe 10 para gravações em full HD ou 4K). Acho válido levantar alguns detalhes entre a GoPro e a Xtrax por conta da chinesa custar a metade da HERO3 Black Edition. Uma questão é quanto a capacidade do cartão de memória. Até 64GB na GoPro contra 32GB na concorrente. Para mim, uma enorme limitação. A Xtrax contudo, tem um detalhe que achei muito bem sacado. Um laser que é direcionado exatamente para o ponto onde está o foco da câmera, facilitando essa operação. Embora resolução (para fotos) não seja algo limitante numa câmera de vídeo, nesse quesito a HERO3 Black Edition também bate a concorrente com 12MP contra 5. Para ser justo, as especificações da Xtrax, a colocam mais próxima a GoPro White Edition. A Black Edition vem com um controle remoto que comanda até 50 máquinas num limite de 50m sem barreiras e suporta 3m de profundidade. As outras duas edições da marca, não tem esse controle nas configurações padrão, mas suportam esse acessório que pode ser adquirido a parte. A Xtrax, também tem um controle que comanda mais de um equipamento, no entanto, limitado a distância de 5m e é resistente a água a até 2m. Não por coincidência, os suportes da Xtrax são idênticos aos da GoPro. Wi-fi, é sem dúvida um grande diferencial, não esquecendo o quão ávida por energia é essa tecnologia e seu uso indiscriminado, vai comprometer em muito a autonomia da bateria.

O título desse post, foi por enxergar na GoPro e na Apple, semelhanças interessantes que não somente a origem. Ambas são jovens e arregimentam milhões de fãs com seus produtos. Tem  públicos parecidos e a preocupação com a qualidade dos materiais que manufaturam, também são flagrantes. Estendendo ai, até as embalagens que sempre foram um diferencial nos devices da Apple. O Woodman Labs, entrega suas câmeras numa tipo pedestal e protegido por uma caixa de acrílico de 2,5 mm de espessura. Parecendo uma joia… Na verdade é! Com informações de geek.com, cnet.com e gopro.com.


Vídeo promocional da GoPro, que mostra um pouco do seu poder.