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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Os magos da ficção... (atualizado*)

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do clássico O Dia Em Que a Terra Parou.
Na infância, quando vivia em Santos, a única TV da casa ficava em meu quarto, que acabou se tornando o local de reunião de todos, moradores ou não.
Era uma Philips enorme, obviamente monocromática e valvulada. O bacana da época eram as emissoras que permaneciam no ar vinte e quatro horas e em muitos momentos, com minha mãe ao lado, assistíamos de tudo. Porém, a preferência sempre foram os filmes e seriados de ficção. Entre as produções para o cinema o favorito era e continua o excelente O Dia Em Que A Terra Parou, de 1951, dirigido por Robert Wise.

Das séries, curtia (até hoje) Jornada nas Estrelas, um marco da ficção científica desde seu surgimento. Seu criador, o americano Gene Roddenberry, usou artifícios interessantes para reduzir os custos do seu programa. Um dos mais legais foi uma classificação planetária quanto às condições de suporte a vida de seres baseados em carbono. Numa relação que abrangia quase todas as letras do alfabeto, os da classe M, tinham atmosfera iguais a da Terra. Assim, muitas missões do capitão Kirk, do cerebral Sr. Spock e Dr. McCoy, se passavam em planetas com tais características. Do mesmo modo, conceitos que pensou se tornaram realidade ao longo do tempo. O comunicador pessoal utilizado pelas tripulações da Federação dos Planetas Unidos é um bom exemplo e foi incorporado a nossa rotina na forma dos telefones celulares. Aliás, a Motorola, grande fabricante americana desses aparelhos, lançou em 1996 seu modelo StarTAC, inspirado no dispositivo exibido na série e como trekker assumido, seu som é meu toque celular desde que isso se tornou possível. Star Trek TOS - The Original Series, A Série Original (assim chamada para diferenciá-la das tantas continuações e spin-offs que jamais fizeram tanto sucesso, mesmo sob sua chancela), tornou Gene Roddenberry um dos mais aclamados produtores de ficção científica de todos os tempos.

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Contudo, a concorrência era pesada... Se nos anos 90 e 2000, Steven Spielberg e George Lucas deixaram suas marcas, nos 60 e 70 ao lado de Roddenberry outro produtor igualmente americano, descobriu um nicho inexplorado até então; O cinema catástrofe. O primeiro longa dessa safra foi The Poseidon AdventureO Destino do Poseidon de 1972 que narrava o naufrágio de um grande navio de luxo. Sua outra grande sacada foi a inclusão de uma canção tema e a desse filme, The Morning After na voz da ótima Maureen McGovern, se tornou um megasucesso naqueles anos. O que atualmente seria um simples filme de sessão da tarde, incluía no elenco grandes nomes da época como Ernest Borgnine; Gene Hackman; Shelley Winters; Roddy McDowall e Leslie Nielsen como o capitão do Poseidon. Mas seu criador Irwin Allen tem outro grande e importante sucesso; Inferno na Torre de 1974. No entanto, o produtor se notabilizou realmente por inúmeras séries para a televisão. Ainda hoje é difícil encontrar alguém que nunca tenha assistido ou ao menos ouvido falar de; Viagem Ao Fundo do Mar sobre as aventuras do submarino nuclear Seaview. Essa série trazia o SV1SubVoador 1, seguramente um dos mais impressionantes e inverossímeis veículos da ficção. A nave com formas inspiradas numa raia que também utilizava energia atômica (o que para uma nave de suas dimensões era 'ligeiramente' impossível', tinha sua doca na parte inferior da proa do barco e após seu lançamento sob a água em poucos minutos emergia e sem qualquer necessidade de espaço para ganhar velocidade, alçava voo. Perdidos no Espaço com o robô B9 e um dos mais carismáticos vilões da ficção, o Dr. Smith; Terra de Gigantes; O Túnel do Tempo ou A Família Robinson... Pois é, todas tem a mesma paternidade.


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Dessa geração, o mais importante (para mim) por ter criado minha série preferida, foi o inglês Gerry Anderson que em 1961, em parceria com sua esposa Sylvia, concebeu algumas histórias usando marionetes como personagens. Todavia, diferente do que se conhecia, seus bonecos não tinham a tradicional boca cortada e sim um engenhoso sistema de solenóides ativadas eletricamente pelo sinal do áudio do dublador o que lhes dava mais naturalidade. A esse sistema deu o nome de supermarionation e o usou nos personagens de SuperCar, sua primeira criação com essa técnica. No ano seguinte 1962 também em Fireball XL5, sobre uma patrulha espacial, sempre com maquetes e modelos em escala muito bem elaborados. Em 1964 criou Stingray, uma patrulha dos mares com um submarino que emprestava o nome a série. Entretanto a série que tornou Anderson um ícone da ficção científica foi Thunderbirds Are Go - Thunderbirds Em Ação, lançada no Reino Unido em 1965 e minha número um até hoje. Por aqui chamava-se Invencíveis Royal, numa referência a marca de gelatinas patrocinadora da atração na TV e para explicar a logo IR - International Rescue ou Resgate Internacional, grafada nos uniformes. Essa série que teve apenas 37 episódios, dois longas e uma refilmagem live-action em 2004, mostrava as missões de um pequeno grupo idealizado por um ex-astronauta e bilionário que construiu em uma ilha secreta, um serviço de resgate sem fronteiras, altamente sofisticado com máquinas super-avançadas criadas por um gênio apelidado Brains. As 5 principais, denominadas Thunderbirds, eram comandadas pelos filhos do fundador do Resgate Internacional, Jeff Tracy, e seus nomes homenageavam cinco astronautas americanos, já que a série foi criada na era da corrida espacial entre os EUA e a União Soviética; Thunderbird1 - Scott (Glen) Tracy, Thunderbird2 - Virgil (Grisson) Tracy, Thunderbird3 - Alan (Shepard) Tracy, Thunderbird4 - Gordon (Cooper) Tracy e Thunderbird5 - John (Glenn) Tracy. A sequência de lançamento das naves na ilha Tracy, trazia um espetáculo à parte. O Thunderbird1, jato de alta velocidade e capaz de decolar na vertical ou horizontal, tinha a função de chegar rapidamente ao local da ação verificando as necessidades e partia da piscina. Todos os equipamentos auxiliares de resgate eram transportados pelo Thunderbird2, um enorme leviatã verde com um compartimento em seu dorso para transportar entre outros o Thunderbird4, pequeno submarino apto a suportar grandes profundidades. O T2 decolava da pista de pouso da ilha, após os coqueiros que adornavam o local se retraírem para sua passagem. O Thunderbird3, supria a estação espacial Thunderbird5 (mantida em posição geo-estacionária), e também atuava em missões fora da atmosfera terrestre. Seu silo de lançamento ficava encoberto pela biblioteca da nada modesta residência dos Tracy. Entre os tantos brinquedos que Anderson imaginou para esse seriado estão uma câmera voadora, operada remotamente que enviava imagens sem fio. Nossos atuais drones.... Quando essa excepcional série foi encerrada em 1966, os Anderson criaram Capitão Escarlate em 1967 e o ótimo Joe 90 em 1968, também em supermarionation. Joe 90, contava as peripécias de uma criança de nove anos que realizava as missões mais malucas se valendo de conhecimentos específicos capturados por uma máquina, O Tremendão (desenvolvido por seu pai) bastando para isso usar o óculos especial que lhe dava uma fisionomia pra lá de nerdAtingiu em cheio seu público alvo e teve trinta episódios, sendo cancelado em 69. Assim como os demais magos do gênero, Gerry Anderson (falecido em 2012) tem outros trabalhos que valem nota como as séries UFO de 1970 e Space 1999 de 1975, ambas em live-action


Os cinco irmãos observam a ilha Tracy
 em imagem de divulgação da nova séire
*Quando escrevi esse texto não sabia que uma nova série com os Thunderbirds já estava no forno e será lançada em 2015. O canal ITV da Inglaterra, encomendou 26 episódios para a TV, agora em CGI - Computer Graphic Imagery, ou seja efeitos gráficos gerados por computador, mesclados com maquetes e cenários reais, comemorando os 50 anos dessa série fantástica. Com trechos do meu livro de memórias e informações de georgesjournal.org e itv.com.